Chamas
Bombeiros atendem em 14 horas cinco ocorrências de incêndio
Segundo o comandante da corporação em Pelotas, alguns sinistros podem ser considerados crimes
Por Cíntia Piegas e Roberto Ribeiro
O Corpo de Bombeiros de Pelotas atendeu entre a tarde de sexta-feira (9) e a manhã de sábado, cinco ocorrências de sinistro, sendo uma na cidade de Cerrito. Todos os casos serão investigados para saber se há indícios de crime. Conforme o artigo 250 do Código Penal, causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outros é crime, sendo que a pena é de reclusão de três a seis anos, mais multa. Se o crime for culposo, a pena é de detenção de seis meses a dois anos.
O mais visível, e também o mais difícil de se descobrir se foi intencional, aconteceu no banhado que margeia a avenida Joaquim Augusto Assumpção, em direção ao Valverde. As chamas iniciaram à tarde, quando uma guarnição esteve no local, às 16h55min. Como a área atingida é de difícil acesso, os bombeiros verificaram primeiramente que não havia perigo de atingir as residências próximas ao local. Os moradores vizinhos ao local foram identificados e orientados a acionar o serviço se as chamas voltarem a oferecer algum tipo de risco.
A causa provável do incêndio, conforme os bombeiros, foi queima de lixo. Mas ao chegarem no local, a suspeita era de que havia sido provocado por bagana de cigarro, um dos motivos mais frequentes para ocorrência. Ó fogo continuou ao longo da noite, e a ausência da corporação gerou polêmicas nas redes sociais.
Foto: Carlos Queiroz
Efetivo
Uma das causas das dificuldades dos bombeiros em controlar totalmente as chamas no campo do Laranjal está no baixo efetivo da corporação, problema que ficou mais grave a partir de janeiro de 2015, quando o governador José Ivo Sartori (PMDB) vetou pagamento de horas extras. Além disso, neste período, parte do contingente é convocado para atuar na Operação Golfinho. Atualmente, as ocorrências são atendidas com apenas dois homens por viatura, além do motorista - número considerado muito pequeno.
A mesma guarnição que estava no Laranjal, atendeu e evitou na noite de sexta, um incêndio de proporções maiores em um minimercado no bairro Simões Lopes, sendo que apenas dois balcões foram atingidos pelas chamas. Por volta de 1h, a equipe ainda esteve em uma residência na rua Carlos Gotuzzo Giacoboni, próximo a Teodoro Müller onde um micro-ônibus escolar incendiou no pátio da casa. Fogo em campo também fez a guarnição se deslocar ainda na madrugada de sábado até a Guabiroba. Já uma segunda equipe foi deslocada para Cerrito.
Para completar o movimentado plantão, às 7h de sábado, quatro contêineres foram alvos de vândalos na rua Almirante Barroso e na avenida Ferreira Viana. Funcionários de um posto de combustível tentaram conter as chamas, mas não conseguiram. Além do caminhão da Litucera - empresa responsável pelo recolhimento do lixo - a mesma equipe que combateu o fogo em campo no Laranjal - 14 horas depois estava apagando as chamas dos lixões.
Intencional ou distração
De acordo com o comandante do Corpo Bombeiros de Pelotas, capitão Pablo Laco Madruga, explica que existe a intenção dolosa de prejudicar alguém ao colocar fogo. Outro exemplo citado pelo capitão é quando a pessoa resolve queimar o lixo para resolver seu problema. "Mas se essa queima foge do controle e atinge outras área, pode virar um crime de incêndio de esfera civil ", justifica.
Madruga afirma se alguém for flagrado colocando bagana de cigarro em um mato seco, ou queimando lixo e acha que pode prejudicar a integridade física ou do patrimônio, deve entrar em contato pelo 190. "Sabemos que a maioria não tem a intenção, mas devemos estar conscientes das consequências."
No caso da área do Laranjal, capitão Madruga explica que a norma a ser seguida pelas equipes é primeiramente preservar a vida e proteger o patrimônio. "Sabemos que é uma área de banhado e temos que preservar a fauna e a flora, mas não posso colocar em risco a minha guarnição. Temos que ser racionais", admitiu.
Fauna e flora
De acordo com o biólogo Giovane Nachtigall Maurício, no local queimado há espécies de plantas e animais ameaçadas, trabalho que deverá ser explorado por estudiosos da Furg. Entre as plantas estão a Hippeastrum breviflorum (açucena-do-banhado), ameaçada de extinção pela legislação federal e pela estadual; Eriocaulon ligulatum e Tibouchina asperior ambas ameaçadas de extinção pela legislação estadual. Já entre os animais está o Circus cinereus (gavião-cinza), ameaçado de extinção pela legislação federal e pela estadual. "Além disso, esse banhado que queimou é uma importante fonte de água, pois nunca seca. Muitas outras espécies de animais e plantas vivem ali. Tem uma espécie de saracura raríssima", alertou o biólogo.
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